A vida é estranha, nos proporciona momentos únicos, ela faz
com que nós deixemos essa realidade nem sempre agradável para vivenciar coisas inexplicáveis,
mas nem sempre com as pessoas certas, e depois as recordações ficam a revirar
nossa mente, num ciclo sem fim, elas nos torturam pouco a pouco, e esgotam
nossas forças, fazem querermos voltar no tempo, para o tempo em que tudo se
encaminhava falsamente bem, onde erámos falsamente felizes, onde erámos
temporariamente livres.
Contudo, as coisas não costumam se encaminhar como
desejamos. Hoje restou-me a solidão, são poucos os amigos presentes, se foi o
brilho da vida a dois, com isso a oportunidade de me proporcionar a vida a
três, ou a quatro. Olho friamente para mim, e vejo, um garoto mimado, bem de
vida – graças a uma mãe incrivelmente foda, que se dedicou como ninguém a dar o
melhor que seu salário suado podia, e toda vida fez de tudo para esconder os
problemas que tinha – tenho o que muita gente sonha em ter, e não vinha sendo
grato por isso, tenho uma família sem igual, tenho bens materiais melhores do que
eu realmente preciso, tenho saúde e os poucos amigos, são bons, eles torcem por
mim, assim como minha família, mas eu não tenho dado valor a isso, sou pequeno,
e estou patinando minha vida, desgastando ela sem ir para frente, estou me
cansando pelas coisas erradas, estou buscando as coisas erradas, por caminhos
sinuosos, íngremes, e com piso irregular, a qualquer hora pode surgir um buraco
que irá me derrubar e não sei se terei
forças para seguir, foram tantos tropeços nos últimos tempos que fica difícil continuar
a ter fé.
Sempre comentei sobre meus sonhos, ambições e medos, e hoje
o maior medo é não conseguir realizar nenhum dos meus sonhos de infância no “prazo”,
hoje sou minha maior decepção, chorar foi difícil durante um tempo, mas hoje
ver a cena de um filme onde o filho abraça o pai me emociona, e me faz chorar,
e sei pelo que choro, choro por não ter tido aquilo em minha vida, choro pelo
medo de não ter aquilo com meu filho, e mesmo de talvez nunca ter um filho, de
nunca ser um avô como o que tive, que faz tanta falta, e ninguém, ninguém
consegue entender o quão importante aquele homem foi pra mim, ninguém jamais
vai sentir o que eu senti vendo ele abraçar minha vó antes de morrer, nunca
saberei como seria a cara dele no meu primeiro dia na faculdade, não o terei na
minha formatura, no meu casamento ou no nascimento dos meus filhos, não sei
quando vou superar, nem se vou, tantas pessoas passaram pela minha vida e
tentaram me ajudar, mas ninguém teve sucesso ainda, talvez me falte fé, e
pretendo corrigir isso com o tempo.
Pessoas me perguntam, sobre a faculdade, o tcc, os
contatinhos, amigos e a família. Agora dou a resposta, faculdade: estou no meu
oitavo ano, entrei achando que era como no ensino médio e estou quase saindo
odiando a metodologia do curso e dos professores, a Arquitetura é subjetiva e
nada é certo ou errado, a grande questão é parar em pé e ser funcional, pronto
bebês, está feito, a venustas, a beleza, a plástica, essa está nos olhos de
quem vê, isso não se julga, não se dá nota, infelizmente não é o que acontece;
o TCC: estive travado, sentava em frente ao computador e chorava ao invés de
projetar, estou cansado, saturado, porém amo meu tema e amo meu projeto, e devo
agradecer aos professores, amigos e família, sem vocês eu não teria seguido e
feito tudo, ou no caso quase tudo, ainda faltam uns dias para a entrega final e
depois desse texto tenho que continuar o projeto, por que uma coisa eu digo,
ele vai ficar foda pra caralho – desculpem crianças – ; os contatinhos: não
sei, minha vida está um turbilhão de coisas, e apesar de falar com os seres,
eles não fazem meu coração bater mais forte, ainda não pelo menos, a maioria
sabe que saí de um longo relacionamento, mas já faz quase um ano, e por incrível
que pareça, sou amigo do meu ex, e nesse um ano pós “separação” muita coisa
rolou, conheci muita gente, nem tudo foram rosas, inclusive um foi mais para
uma ortiga, uma mexeu muito comigo, ela é uma boa pessoa, mas não sabe o que
quer ainda, diria que ela é uma orquídea, enfim, hoje tenho números em meu
celular apenas, não quero pensar no meu sonho de ter uma família, não quero
imaginar meu casamento, nem mesmo na lua de mel – hahahah – estou me
concentrando em me conhecer, conhecer muita gente, me divertir e me amar, quem
sabe logo mais não abro meu coração a negócios novamente, por enquanto estou
satisfeito em conhece-los; Meus amigos: oush, bem, sessão difícil, tenho bons
amigos, as vezes eu acabo os afastando por motivos que nem sei, penso que as
vezes é meu psicológico querendo ficar na bad, tenho vários tipos de amigos, os
que vem na hora do narguilé, os que vem me “helpar” no tcc, os que vem chapar e
curtir os momentos “good vibes”, os que vem me estressar, os que me escutam
independente da merda que estou falando, os que ouvem meus áudios lentos e
pausados, os que saem ar rolês de última hora e os melhores que fazem tudo isso
e muito mais, mas novamente não tenho sido grato por eles, e apesar de serem incríveis
não tem sido suficientes em alguns momentos, afinal já somos adultos e temos horários
e responsabilidades, não estamos sempre livres para ajudar os amigos, contudo,
tenho que agradecer imensamente a vocês, vocês me ajudam todos os dias, até em
situações bizarras como arrancar azulejos na cozinha, fecho os olhos e vejo quinhentas
cenas de roles descontraídos, repentinos ou muito planejados, inclusive temos
muitas viagens planejadas esperando a oportunidade para sair do papel, obrigado
galera; A família: área difícil de explicar, existem duas, a que vou falar
primeiro é o lado do meu pai, não sou tão próximo devido a separação dos meus
pais, e a postura mais rígida dos meus avós, foram muitas decisões erradas e
acho que será difícil concertar, meu pai foi ausente por um longo período, mas
eu o entendo, por outro não consegui ainda perdoá-lo, sinto saudade daquele
cara divertido que levava eu e minha irmã para passear, hoje as coisas mudaram
muito, e já não temos tanta intimidade, outro ponto é que nunca irei me perdoar
por não ter chorado no funeral da minha avó, ano passado eu a perdi no exato
dia em que soube que havia reprovado no meu tcc, depois desse dia eu só chorei
quatro meses depois, quando me recuperei do baque, eu nunca cheguei a aprender
a receita das bolachinhas que ela fazia, eu fui o ausente aqui, eu os amo, mas
foram tantas atitudes erradas que a magoa se instalou e me afastei, hoje não
consigo recuperar o passado, mas cabe a mim tentar recuperar o futuro. O segundo
lado é o lado da minha mãe, que é realmente meu grupo familiar ativo, moro com
minha mãe desde meus 6 anos, e a separação foi aos 5, bem, muita coisa
aconteceu, quando eu era mais novo, eu contava os minutos para a chegada das
férias, que eu passava na casa dos meus avós maternos, tenho uma vó guerreira
que é minha rainha, a cada dia com ela é um novo aprendizado (e saiba que você
é metade dos motivos de eu estar vivo ainda), eu tinha o melhor avô que eu
poderia, ele era chato, brincalhão, fiel, parceiro, e meu melhor exemplo de
homem, ele morreu fazendo o bem para a família que ele concebeu, eu fecho meus
olhos novamente e lembro de um dia qualquer que ele me levou pra praia,
passamos a tarde toda lá pois fiz um castelo na areia e queria esperar a maré
derrubá-lo, eu só tenho uma lembrança ruim com ele, que é a dele morrendo, é
uma lembrança linda e romantizada, mas ali eu perderia o maior exemplo de homem
que tive, continuando, tenho minha mãe que vou ter que chamar de princesa, pois
a rainha é a vó, brincadeiras à parte, ela se desdobrou em várias ao longo do
tempo, confesso que ela foi ausente também por algum período da minha vida,
afinal ela me privava de muita coisa, brigas dentro de casa, finanças e
qualquer outro problema para que eu pudesse ser o que eu mais gostei até hoje,
ser criança, ela sempre buscou me dar o que eu precisava e o que eu queria, mas
trabalhou muito, se ausentou muito e nos afastamos também, mas na morte do meu
avô tudo mudou, o relacionamento toxico dela se foi, e a depressão bateu a
porta, foram inúmeros os dias ouvindo ela no quarto chorando e ai a
reaproximação da família começou, minha irmã que havia saído de casa devido a
brigas com o ex da mãe voltou, começamos a nos divertir juntos, acho que todos
lembramos de um domingo de manhã, todos inchados de sono tomando café com bolo,
e tudo melhorou no ponto família a partir daí, mesmo hoje estando todos
separados, um em cada cidade. Agora sobre minha família toda, sem divisão, sem censura,
eu amos vocês, vocês são estranhos e isso torna tudo divertido, pais, irmã,
primos, tios, avós e todos os agregados obrigado por fazer parte de tudo isso.
Desabafei.
Caro leitor, qualquer comentário sobre o texto vem
conversar, podemos nos entender.
É difícil mesmo Luis, mas tenha força e fé, tudo vai dar certo ��
ResponderExcluirVocê é aquele amigo incrível e inesquecível. Sinto sua falta, sinto saudades.
ResponderExcluirPor mais que estejamos distantes, ainda sim vou torcer sempre por você.
JB nunca será esquecido. ❤😘